Cadê a representatividade das minorias nas mídias?

Série 'Sense8' (Foto: Netflix)

Antes de iniciar essa postagem, devemos entender o conceito da palavra MINORIA: subgrupo existente dentro de uma sociedade que é considerado diferente do grupo dominante. As minorias da sociedade são, em geral: negros, mulheres, LGBTs, etc. É estranho pensar que mulheres e negros são minorias quando são, em números, a maior parte da população brasileira. O problema está aí: os números não batem com o cenário real, por isso esses grupos são minorias.

Quando falamos do cenário brasileiro, percebemos que os grupos são pouco representados na mídia televisiva. Como que são representados os negros nas novelas? Como que o telespectador vê o papel feminino na programação? Os gays aparecem em programas de auditório?


NEGRO

Quem acompanha as novelas da Rede Globo sabe que a novela Segundo Sol tem o contexto na Bahia, porém pouco houve negros atuando em papéis principais. Para quem não sabe, a população negra é maioria no estado baiano e por isso o questionamento da representatividade. A emissora, depois da polêmica, passou a tentar inserir mais negros nos papéis - porém, os papéis eram secundários. É raro ver, em uma novela, negros terem um papel principal: normalmente o negro homem é um bandido com poucas falas e a mulher negro é uma empregada doméstica. Sabemos perfeitamente que a realidade não tem somente este lado.

Eu te faço um questionamento: quantos famosos negros brasileiros você consegue se lembrar? Pare de ler essa postagem e conte nos dedos. Associar os nomes, com rostos e sem pesquisar dá para contar nos dedos das mãos (isso quando se chega na segunda mão). Isso comprova que os negros não têm um grande destaque na televisão.

Um outro caso e mais recente é o da campanha do Dia dos Pais de 2018 d'O Boticário. A marca colocou uma família bem simpática no ar das televisões e internet e parecia estar tudo bem. O problema começou a acontecer quando surgiram comentários de cunho racista sobre o filme publicitário: as pessoas não conseguiam ficar em paz por ter uma família de negros se amando por 30 segundos. Qual o problema de vocês?


LGBT+

Os LGBTs estão se destacando na música e na televisão, porém ainda não é o suficiente. A maioria dos papéis representam os estereótipos comuns e não mostram a realidade concreta. Isso quando essa minoria não é alvo de deboche e piadinhas que já passaram da hora de serem cortadas. As emissoras que disputam a vice-liderança são experientes em não representar os LGBTs quando deixam de convidá-los em seus programas ou alimentam o humor maldoso em cima desse grupo.

Seria interessante que as representações fossem mais humanizadas, inclusivas e focadas na construção de empatia para que os atuais preconceituosos tentassem ver um humano ali. A mídia precisa deixar de focar o LGBT somente em estereótipos.


MULHER

A mulher na mídia ainda é um problema. A sorte é que o problema é bem menor quando comparado aos anos anteriores. Acredite se quiser, mas quem fazia um papel feminino era o homem num passado. As mulheres foram muito objetificadas em comerciais, novelas e programas de TV durante anos. Nos dias atuais essa objetificação diminuiu, porém não chegou ao fim. Precisamos dar voz às mulheres, parar de idealizar um corpo perfeito e aprimorar a igualdade de gênero.


REPRESENTAR PRA QUE?

O motivo da representatividade dessas três e outras minorias é para mostrar que não deve existir uma maioria. Os seres humanos são compostos de diferenças e todas elas precisam ser exploradas. Não é legal você ter uma religião e diminuírem ela por ir contra uma segunda religião, não é mesmo? Ou até torcer para um time e não ter como assistir os jogos desse.

Os programas de auditório e novelas têm espaço sim para representar cada grupo de pessoas e com a forma correta: humanizando-as. Essas minorias são pessoas que têm sentimentos e não merecem serem retratadas unicamente de formas estereotipadas como um gay afeminado engraçadinho ou uma mulher negra sendo sempre a empregada doméstica com uma voz engraçada. Existem gays afeminados e negras que são empregadas? Existem, mas não são os únicos dentro desses grupos. Isso é um estereótipo que excluí todos os outros que possuem suas características diferentes. A representatividade é necessária na mídia pelos simples fatores de inclusão social, quebra de estereótipos e quebra de preconceito. É óbvio que não é somente a representatividade correta que acabará com os preconceitos, mas podemos ver isso como um começo.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.

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