Cuidado, frágil: heterossexualidade

Série '13 Reasons Why' (Foto: Netflix)

Você conhece o termo "heterossexualidade frágil"? Vamos começar na explicação deste, então: é uma pessoa que gosta integralmente do sexo oposto e qualquer coisa que um homossexual (ou bi, trans) faça pode deixar essa pessoa em questão abalada. Normalmente acontece com os homens héteros, mas nada impede que aconteça com algumas mulheres héteros também (apesar de eu, autor, não ter conhecimento de alguma experiência do tipo com uma mulher). A postagem será focada nos homens héteros preconceituosos de plantão.


A HETERONORMATIVIDADE NA VIDA DO HOMEM

É comum que todo homem machão queira sempre mostrar/falar sobre a fruta que gosta e precisa ficar longe de todos os desvios possíveis que a vida o proporcione. Vale lembrar que o principal argumento é que estão agindo sem preconceito algum; apenas acham estranho um homem fazendo coisas que não condizem para seu sexo. Cá entre nós, leitor, isso é o argumento mais babaca do século.

A razão desses machos alfa sempre estará focada em si. Qualquer coisa que abale sua sexualidade fará com que ele brigue, xingue e se justifique. Algumas das frases que acompanham esses indivíduos estão em uma bagagem de anos atrás e que hoje não fazem o menor sentido. O problema está na desconstrução que eles não foram capazes de ter. Qual é o problema de um homem chorar, vestir rosa, dançar ou assistir filme romântico? Talvez a resposta mais concreta seja que, em um grupo de machões heteronormativos, sua imagem não possa ser "manchada" já todos possuem um cérebro tão ignorante que não conseguem desatribuir gêneros para as atividades da vida. Isso é, a mente é tão fechada e minúscula que enxerga a existência de coisas de homem e coisas de mulher. Isso não existe mais! Um exemplo é que uma mulher pode dirigir e um homem pode ter medo de barata e nenhum dos dois deveriam ser julgados por isso.

Alguém pode me dizer como faz para se tornar gay? Assistir conteúdo audiovisual que tenha dois meninos se beijando pode transformar uma pessoa em homossexual, isso vai doutrinar uma criança? E as crianças que passaram a infância toda assistindo filmes como A Bela e a Fera, A Dama e o Vagabundo e Aladdin que só tem casais héteros e não são héteros? Doutrinação sexual não existe, as pessoas nascem e são o que são.

São tantos exemplos ridículos mencionados nesse texto que a maior vontade é de rir e ter pena de quem pensa dessa forma. Abraçar uma pessoa do mesmo sexo te transforma em homossexual? É deselegante, né? Acredite se quiser, mas demonstrar afetividade homem com homem é algo imoral no mundo dos heteronormativos. Cuidado! Para eles, ouvir qualquer música que seja protagonizada por uma drag queen também é motivo de repreensão. Ou melhor, ouvir gênero pop já é a condenação do tradicionalismo masculino.

Certo dia, em homenagem aos movimentos LGBT+, o Youtube acrescentou uma bandeira colorida ao lado de sua marca. É possível acreditar que fizeram postagens em blogs ensinando a remover a bandeira do site de vídeos? É possível acreditar que existiram buscas por isso e muitas pessoas fizeram? Acredite, e tem como piorar: meses atrás bombou no Facebook uns testes para ver como você ficaria no sexo oposto. Isso foi motivo de queixa dos héteros: pra quê fazer isso se sou machão? Isso vai denegrir minha imagem!

A pior das coisas acontece quando um macho man não consegue cumprimentar seu amigo gay. Ou se consegue fazer, é escondido dos outros. Qual o motivo da vergonha imensa? Ninguém que tenha um pingo de noção vai te julgar gay e se julgasse... qual o problema? Basta falar que não é. Não conseguem, pois falta empatia para entender que só pelo fato de uma pessoa ser gay, ela não vai automaticamente gostar de você, senhor machão.

A heterossexualidade parece ser uma coisa tão frágil que ela pode acabar a qualquer momento. Esse grupo tem que prestar atenção nos mínimos detalhes para não ser confundido com um LGBT. É necessária tanta insegurança para justificar tudo o que faz e deixa de fazer, principalmente se baseando em princípios preconceituosos, estereotipados e sexistas? Se alguém precisa fazer isso, ou tem a cabeça muito pequena, ou tem medo de assumir quem realmente é... ou os dois. Vai entender...


QUAL O NOSSO PAPEL?

Nosso papel, como pessoas civilizadas, é tentar dialogar com esse grupo para que mudem seus posicionamentos e visões do mundo. É difícil que alguns aceitem e mudem, mas não podemos deixar de tentar que abram seus olhos e enxerguem o mundo como ele é: cada pessoa tem sua essência e faz o que quiser fazer, independente de sua orientação sexual.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.