Eleições 2018: É melhor Jair se Haddaptando

(Foto: EXAME/Unaierenses; editada)

Hoje é um dia histórico para o Gay, e agora?. Sempre lutamos pela parcialidade do nosso conteúdo e pensamos que nunca precisaríamos trazer algum tipo de pensamento político para o site. Infelizmente, nos dias sombrios de hoje, o posicionamento é necessário e este deve vir de todos que estão no Brasil ou apresentam alguma relação com o país. A bipolaridade (ou multipolaridade, se preferir) que enfrentamos no primeiro turno das eleições foi imensa; os números comprovam isso. Agora chegamos no segundo turno e nos restam apenas duas opções para definir o rumo do país nos próximos quatro anos se tudo der certo.


POSICIONAMENTO É NECESSÁRIO. NÃO VOTE NULO OU BRANCO

Quando você vota em branco ou anula seu voto, você não favorece nenhum candidato em primeiro lugar. Os números de ambos os votos são excluídos no momento da apuração, que só considera válidos aqueles que possuem um candidato. Com isso, nem o primeiro, nem o segundo colocado serão moldados com o voto nulo ou branco.

Em segundo lugar, é compreensível que muitos não se sintam representados por nenhum dos dois candidatos, mas se posicionar é necessário, principalmente quando o futuro do país está em jogo. No primeiro turno, foram mais de 10 milhões de votos que não foram considerados nas eleições por terem sido descartáveis. E 10 milhões é um número significativamente alto que pode interferir radicalmente no segundo turno. Caso você tenha votado nulo ou branco, ou pensa em votar nesse segundo turno, repense nessa sua atitude. Escolha o candidato menos pior.


CORRUPÇÃO

Quando falamos de corrupção, muitos eleitores do Bolsonaro dizem que ele não combina com essa frase. É interessante ressaltar que alguns podres do candidato vieram à toa nos últimos anos que invalidam esse argumento. Bolsonaro é praticante de nepotismo (favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas à nomeação de cargos públicos e políticos) ao nomear sua, até então, atual mulher e sogro na Câmara. Além disso, o candidato é acusado de sonegação de impostos, enriquecimento ilícito através da máquina pública, recebimento de auxílio moradia mesmo tendo imóvel próprio, pagamento de funcionário com verba do gabinete, etc.

Não está em discussão que o PT não é corrupto, pelo contrário, o partido praticou diversos atos de corrupção ao longo dos anos. O que está em discussão é que Bolsonaro também é corrupto e esse argumento de que não é pode ser refutado facilmente com um pouco de informação e pesquisa. Ambos estão no mesmo patamar.


POLÍTICAS SOCIAIS E DIREITOS HUMANOS

O PT está presente nos mais diversos movimentos sociais. Esse partido busca dar representatividade ao movimento afro, ao feminismo, aos movimentos de luta por moradia, direitos LGBT+, deficientes, etc. Não é à toa que no plano de governo de Haddad consta fatores de criar um Sistema Nacional de Direitos Humanos, visa melhorias de políticas para as mulheres, promove a igualdade racial, propõe um plano de redução da mortalidade dos negros e periféricos, criminaliza a LGBTIfobia, promove demarcação de áreas indígenas, etc. Além dessas políticas sociais, Haddad visa combater a desnutrição infantil e impulsionar ações afirmativas nos serviços públicos.

Quando mencionamos o plano de governo do Bolsonaro, os únicos resquícios são os de garantir ao brasileiro uma renda igual ou superior ao que é atualmente pago pelo Bolsa Família e a banalização do Estatuto da Criança e do Adolescente. Claramente podemos ver que as políticas de inclusão social de Fernando Haddad são mais adequadas para a população de nosso país que é tão diversa.

Além disso, em sua trajetória da vida, Bolsonaro defendeu a redução da licença maternidade, assinou um projeto que dificulta o atendimento no SUS de mulheres estupradas, disse claramente que "ter filho gay é falta de porrada", disse também que "quilombola não serve nem para procriar", homenageou o torturador Brilhante Ustra na votação do impeachment de Dilma Rousseff, foi contra um projeto de que incluía o deficiente na sociedade (Lei Brasileira de Inclusão, hoje ela existe, mas o candidato votou contra), entre inúmeros outros absurdos. O Bolsonaro em si, depois de tantas polêmicas, disse que não vai matar LGBTs, não vai diminuir mulheres e não vai ser racista, mas o seu discurso legitima e encoraja outras pessoas a fazerem isso tudo. Ter amigos e familiares negros, LGBTs, mulheres, deficientes ou integrantes de qualquer outra minoria é a justificativa mais válida para ser contra o Bolsonaro; é pensar e votar por eles, é uma questão de empatia, é uma questão de ser humano.


SEGURANÇA

Haddad tem planos de reformular o Sistema Único de Segurança Pública, criar um Plano Nacional de Redução de Homicídios, aprimorar a política de controle de armas e munições, retomar investimentos nas Forças Armadas, etc. Em contrapartida, Bolsonaro tem como objetivo de prender criminosos, o que não é errado, mas ele não busca reformulações eficientes para combater o crime. Suas principais propostas são priorizar a defesa das vítimas da violência com posse de arma de fogo por todos, redução da maioridade penal para 16 anos, castração química voluntária para estupradores, etc.

As políticas de Jair Bolsonaro são extremas e refutáveis, já que sabemos que 1) armamento não é a solução e resultará em mais violência. Ter uma arma é caro e não serão todos que a terão. Um negro hoje não é respeitado pela polícia nem estando desarmado, quem dirá armado. 

2) Reduzir a maioridade penal não é uma solução para reduzir o crime das crianças e adolescente que, na maioria das vezes cometem crimes primários e na cadeia entram em contato com muitos outros criminosos, inclusive indivíduos que cometeram crimes hediondos, em um ambiente que não oferece uma alternativa a não ser o crime. Muito pelo contrário, a educação e o acesso a recursos básicos (alimento, roupas) são a solução para diminuir a criminalidade nesse setor etário. 

3) Do que adianta castrar estupradores (que cá entre nós, eles não vão se candidatar para perder a genitália para reduzir a pena) se eles estupram com ou sem o genital? Estuprar é uma questão de poder em indivíduos problemáticos: a vontade está na cabeça e não nos genitais.

Os planos de Haddad, comparados ao de Bolsonaro, são mais humanos, educativos e eficientes. Bolsonaro sugere que violência deve ser tratada com violência de mesmo nível ou mais elevado, algo que deve ser eticamente questionável.


EDUCAÇÃO E SAÚDE

Haddad, sendo prefeito de São Paulo, construiu uma média de 30 hospitais, 400 creches, deu acesso ao Passe Livre para milhares de estudantes, aumentou o Piso Salarial dos professores, criou o Programa Universidade para Todos (ProUni), fortaleceu o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), etc. Seus planos para presidente do Brasil são de expandir as matrículas no ensino superior, técnico e profissional, revogar a reforma do ensino médio proposta por Michel Temer, criação da Escola com Ciência e Cultura para valorizar a diversidade, investir na implantação do prontuário eletrônico no SUS, etc.

Bolsonaro, em contrapartida, apoia a Escola Sem Partido, acredita que os professores doutrinam e sexualizam seus alunos, não admite ideologia de gênero nas escolas, é a favor da diminuição do percentual de vagas para cotas raciais, etc. Seus planos de saúde até que são interessantes, não sejamos hipócritas, mas é a única coisa positiva que podemos enxergar nesse candidato.


DEMOCRACIA X DITADURA

Bolsonaro nunca disse que traria de volta a ditadura militar, mas avaliando todos os aspectos dessa postagem (e os que não estão aqui registrados também), sua forma de governar se assemelha muito com uma ditadura. Quem foi vítima de viver na época de ditadura no Brasil tem medo e sabe o que passou, basta perguntar para algum parente mais velho. A censura era terrivelmente forte nessa época sombria do Brasil e as pessoas eram tratadas feito lixo, algo que vemos ativamente no plano de governo de Bolsonaro ao excluir as minorias (e até mesmo algumas maiorias) de suas políticas. Além disso, se eleito, a censura nos meios de comunicação também pode se tornar uma realidade: o governo concede a Outorga de funcionamento para o rádio e para a televisão periodicamente. Ser uma mídia racional e ir contra o governo pode não ser mais realidade caso esse regime entre em vigor.

Além disso, Bolsonaro é capitão e tem como vice um general. Esse vice é conhecido por General Mourão e ambos são militares, mesmo discordando em diversos aspectos e causando uma grande polaridade dentro da defesa de “um mesmo lado”. Se eles caminharem a favor da ditadura militar e der ruim... Não dá para tirar um militar do poder da noite para o dia, eles chegam para ficar: é o que mostra a história da ditadura no Brasil, da América do Sul e de outros países. Além disso, um dos planos do governo Bolsonaro é ter um “montão de ministro militar” e aumentar o salário deles para que possam defender o governo com armas. E esses dois militares defendem o fim do 13º salário, o fim de um terço de férias, diminuição do direito das mulheres de 4 meses em licença maternidade para 1 mês, etc. Não é brincadeira eleger o capitão Bolsonaro e o general Mourão, não se brinca com as Forças Armadas, não se brinca com a história da democracia e não se brinca com os direitos humanos.


UMA QUESTÃO DE EMPATIA

Caso você ainda cogite em votar no Bolsonaro ou anular seu voto, seja empático. Você pode não ser racista, homofóbico, machista ou defensor da tortura, mas seu candidato é. É totalmente compreensível falar que o PT afundou o país nos últimos anos, não é à toa que temos um número muito grande de desempregados e miseráveis, mas o Bolsonaro não visa elevar o país e nem dá chance de um miserável se reestruturar na vida. Esse candidato disse, claramente, que não entende nada de economia.

A ONU encara os discursos de Bolsonaro como perigosos para certas parcelas da população em um curto intervalo de tempo, mas perigosos para o país inteiro no longo intervalo. Grandes jornais do mundo também encaram Bolsonaro como uma ameaça para o país: The New York Times, The Economist (que está no ar já fazem mais de 170 anos e por isso deve entender de economia), El País, bem como jornais do mundo árabe, África e Ásia. Não é à toa que pesquisas mostram que o Brasil é o terceiro país mais ignorante do mundo.

Você consegue entender que a chance desse homem ser eleito faz com que muita gente corra risco de vida? Você acha que, com ele sendo presidente, se alguma coisa não estiver indo nos trilhos, será possível ir para as ruas e fazer uma greve? Reflita, meu caro leitor.

O segundo turno tem dois lados e você realmente quer escolher um lado que tem discurso contra gays, negros, pobres, mulheres, discursos violentos, pró-tortura e armamentista? Esse lado causa medo e desconforto em muitas pessoas: pode não ser em você, mas os outros estão realmente com medo do que pode vir nos próximos anos que é incerto e duvidoso. Novamente, reflita, meu caro leitor. Você tem todas as informações possíveis nessa postagem para fazer sua escolha consciente; além disso, as informações também estão disponíveis em portais de notícias famosos nacionais e internacionais. Pesquise e repense, meu caro leitor. Reflita.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro; graduando em Publicidade e Propaganda. Colaboração de Parker, colunista desse site, estudante e fanfiqueira; graduanda em Rádio e TV. Todas as informações são verdadeiras e foram buscadas em diversos sites de notícias as quais você pode consultar pesquisando no Google.

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