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Série: Black Mirror (Foto: Netflix) |
Para quem não sabe, gaydar é um radar implantado no cérebro de um LGBT+ que possibilita que ele enxergue outros LGBTs sem fazer esforço. Não é um equipamento em si, mas uma habilidade que as pessoas pertencentes ao grupo possuem. O que poucos sabem é que essa suposta habilidade usa dois pilares para funcionar: o preconceito e o estereótipo.
As pessoas tendem a usar os acessórios, as roupas, a forma de falar e agir, gestos corporais como o simples fato de cruzar uma perna, etc como métodos avaliativos para ser integrante da comunidade colorida. Temos que colocar na mente dessas pessoas (e nas nossas também) que a forma de uma pessoa se vestir não quer dizer nada sobre seu comportamento ou orientação sexual. Isso é um modelo comportamental arcaico e ultrapassado construído pela sociedade sexista.
PARA EXEMPLIFICAR
Quando mencionamos um homem hétero e um homem gay imaginamos dois parâmetros diferentes: o homem hétero é mais largado, gosta de futebol, beber no bar, sem cuidados com o corpo, com voz grossa, ouvinte de sertanejo e despojado; ao falar do homem gay, imaginamos alguém com mais cuidados com seu corpo, ouvinte de pop e funk, extrovertidos, que se expressam com mãos e que cruzam a perna ao sentar.
Quando falamos de uma mulher hétero e uma mulher lésbica, também ocorre a associação imediata de comportamentos diferentes: a mulher hétero se cuida em questões de beleza, é fofa e delicada, usa roupas finas e justas, gosta de moda e maquiagem e pinta as unhas com frequência; a mulher lésbica é vista com cortes de cabelo curto, sem cuidados com o corpo, com muitas tatuagens e piercings, roupas folgadas, desleixadas e com voz mais grave.
Percebe que categorizamos dois tipos de homem e dois tipos de mulher? Separamos esses grupos por características que são vistas como predominantes na comunidade LGBT e no mundo hétero. A questão é que essa segmentação é tão retrógrada e absurda que, em pleno século XXI, não é possível continuar nessa separação por características. Existem gays, lésbicas, transexuais e afins que fogem desse padrão imposto pela sociedade, assim como existem héteros que também não seguem essa linha. A forma que uma pessoa se comporta ou age não deve ser associada à sua orientação sexual.
TUDO É ESTEREÓTIPO
A pesquisa mais recente encontrada para elaboração dessa postagem é a de William Cox, cientista do Departamento de Psicologia da Universidade de Winsconsin dos Estados Unidos. Sua conclusão é de que o gaydar não é preciso: muitos erram em suas avaliações já que ele é uma forma prejudicial de estereotipamento.
William Cox diz que a maior parte das pessoas sabe que estereotipar é errado, mas se você não chamar de "estereotipamento" e chamar de "gaydar", camuflando seu real significado, ela parece ser muito mais aceita socialmente.
Toda visão que a sociedade tem ao categorizar as características, atitudes ou gestos de uma pessoa em diferentes tipos de sexualidade é inconsciente, porém temos que tentar parar com isso o mais rápido possível. A cultura sexista rotula e discrimina comportamentos heterossexuais e homossexuais, tornando eles redundantes e não dá espaço para variações fora da construção imposta. O gaydar é um mito e funciona como uma lente preconceituosa que colocamos em nosso olho como a imagem dessa matéria: queremos ficar ocultando a realidade por estereótipos antiquados?
Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.
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