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Série 'Black Mirror' (Foto: Netflix) |
Vivemos em uma sociedade repleta de diferenças e singularidades: o mundo não é mais quadrado e padronizado como era em 20 anos atrás. Talvez não tenhamos sido capazes de enxergar as diversidades de nossa população por vivermos em uma bolha social bem limitada que restringe todas as nossas convivências e relações. Fato é que se vivermos constantemente presos no mesmo ambiente, exploraremos poucas diversidades do nosso mundão.
A DIVERSIDADE NA NOSSA VIDA
Ao sermos paridos ao mundo, passamos os primeiros momentos nos braços de nossa mãe e ficamos acostumados com aquele colo especial. Depois de alguns segundos, somos passados para o nosso pai nos segurar e sentimos um leve desconforto. Depois de algumas semanas, e já acostumados com o pai, nossos tios, primos e amigos de nossos pais aparecem em nossa casa. Todo mundo tem um tom de voz diferente e uma maneira estranha de nos segurar no colo, gerando nossa insatisfação, medo e vontade de chorar, mas depois nos acostumamos.
Depois dos 2 ou 4 anos de idade, nossos pais colocam a gente em uma escola e, novamente, estamos cercados de um grupo novo de pessoas e o medo domina nossos pensamentos, querendo nos fazer desistir dessa separação temporária dos pais. E depois desse sufoco, nos acostumamos também e nos inserimos em um grupo um pouco mais diverso, com crianças de várias famílias e origens diferentes. Todo o ciclo de inserção em novos ambientes se repete conforme o tempo vai se passando.
Ao entrar na faculdade por exemplo, a situação se amplia ainda mais: encontramos pessoas de outras cidades (e até mesmo estados), orientações sexuais distintas, ocupações diferentes, intercambistas, fora dos padrões de beleza, com alguma deficiência, idades distintas, religiões diferentes, etc. Mas isso não é o suficiente. A diversidade está presente em todo o mundo que vivemos e todos esses lugares que passamos não passam de pequenos cortes no espaço com um seleto grupo de indivíduos.
É IMPORTANTE COMUNICAR A DIVERSIDADE
Nos últimos anos foi crescente a presença de campanhas publicitárias na mídia comunicando a diversidade existente na nossa comunidade. Empresas se movimentaram no mês do Orgulho LGBTQ+ para incluir toda essa população em seus movimentos, vídeos institucionais de empresas de cosméticos com a comunidade negra e até mesmo campanhas de redes de fast-food com audiodescrição para deficientes visuais. Toda essa presença das diversidades é extremamente importante, mas mesmo assim não é suficiente.
Sabemos perfeitamente que as grandes marcas têm como principal objetivo a venda de seus produtos e serviços, bem como foco em seus lucros anuais. É muito importante que uma marca se posicione a favor das diversidades em suas comunicações, mas precisamos estar atentos se essas inclusões acontecem fora de datas específicas. Do que adianta uma marca ter uma comunicação inclusiva apenas em uma época do ano? Por um lado, é importante por trazer aqueles que não têm voz para o seu protagonismo, mas isso não pode acontecer somente focado em uma data. É importante que as campanhas publicitárias estejam condizentes com a visão, missão e valores de uma empresa e não sejam feitas apenas para agradar um público específico.
A empresa anunciante tem medidas de inclusão de pessoas PCD em seus escritórios, bem como a disposição de material para esses trabalhadores? O ambiente de trabalho é saudável para uma pessoa LGBTQ+ trabalhar ou as piadas que ouve no dia-a-dia são ignoradas pelo departamento de recursos humanos? As mulheres têm a oportunidade de ascender na empresa com cargos elevados e similares aos de seus patrões? As marcas de roupa vendem produtos para pessoas gordas ou esquecem de sua existência na fabricação de suas vestimentas? As marcas de cosméticos produzem maquiagens para todas as cores, ou suas bases são focadas no público branco? Os idosos, que possuem maior dificuldade em tecnologia, recebem o mesmo tratamento em uma ligação telefônica ao entrar em contato com aquela marca ou é vítima da falta de paciência do funcionário?
Fato é: comunicar todas as diversidades em comerciais midiáticos, bem como o protagonismo de pessoas que sempre foram invisibilizadas é importante e gera o sentimento de representatividade de um grupo quando se vê identificado, mas a empresa está fazendo isso, além de divulgar a comunicação para seu público, deve trabalhar em políticas internas para que, de fato, a população que precise deste conteúdo esteja sendo contemplada e não sendo o motivador da venda do produto. Precisamos ficar atentos às essas questões, bem como aos depoimentos dos funcionários sobre seu cotidiano dentro daquele segmento.
Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.
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