Personagens na internet x nós mesmos: quem somos?

Série 'Black Mirror' (Foto: Netflix)

O mundo virtual é um ambiente completamente diferente da realidade física. A nossa imersão nas redes sociais começou mais ou menos nos anos 2000 e a cada dia que passa estamos mais conectados com as telas de nossos computadores, celulares e tablets. É claro que a forma de consumir esse conteúdo mudou completamente no passar dos anos: nossa comunicação era no MSN e migramos para o Facebook com a queda do Orkut. Fomos redirecionados do Snapchat para o Instagram. E quem é mais velho com certeza se lembra do famoso ICQ, um dos primeiros mensageiros instantâneos da internet.

Por mais que tenhamos mudado a nossa forma de acessar, consumir e estar conectado no mundo virtual, uma coisa se mantém: o personagem que criamos nas redes sociais, afinal, não somos 100% nós mesmos neste ambiente e vamos te provar o motivo dessa afirmação. Além disso, no decorrer das próximas postagens nesta coluna, abordaremos diversos assuntos interessantes dentro do mundo online. Seja bem-vindo ao universo nomeado como "Nós na internet", a mais nova coluna do nosso site.


MUNDO REAL X MUNDO VIRTUAL

O mundo virtual é uma extensão do mundo real? A vida na internet é uma vida completamente diferente do que construímos fora dela? A nossa ambientação digital é tão importante quanto nossa presença na vida offline? São realidades diferentes? São.

Fato é que o mundo real e o mundo virtual são cenários completamente diferentes, que podemos nos manifestar de formas condizentes com a nossa personalidade, bem como podemos nos reinventar de diversas maneiras. O filósofo Marshall McLuhan afirmava que os meios funcionam como extensões dos homens: traduzindo para a nossa língua e se conectando diretamente com a internet, podemos dizer que o ambiente virtual funciona como peças separadas que implementamos em nossos corpos. É como se fosse um acessório - boné ou tiara - mas que se solidificaram em nossos corpos e ficam para sempre.

Existem aqueles que tiveram a implantação do mundo virtual logo quando pequenos, com o estímulo dos pais ao dar um celular para a criança, bem como aqueles que entraram em contato somente após completar determinada idade. Seja em qual fase tenha ocorrido essa implementação do ambiente digital, ela foi incluída e nunca mais saiu de nós. Se tivesse saído, você não estaria lendo esse texto, não é mesmo? A internet faz parte de nossa vida e é uma parte consideravelmente grandinha. Demos o exemplo do boné e da tiara, mas esse boné já se expandiu para uma jaqueta e a tiara para um vestido.

Justamente por estar presente em nossas vidas, não significa dizer que tudo gira em torno da internet, não! Ela foi implementada como uma parte extra e, com isso, temos a possibilidade de fazer o upload de nossa personalidade por inteiro, bem como só compartilhar determinadas características e episódios. É daí que surge o nosso personagem no mundo virtual.


SOMOS TODOS PERSONAGENS

Quando nos cadastramos em uma rede social pela primeira vez, diversos campos do perfil são solicitados para que façamos o preenchimento. É aqui que começa o molde do nosso personagem virtual: escolhemos as primeiras informações que vamos divulgar e as que ocultaremos. Depois que as características descritivas do nosso personagem foram criadas, precisamos moldar seus comportamentos e lado emocional.

Nessa etapa tudo começa a ficar mais interessante. Através de uma nova publicação em nossas redes, escolhemos que lado iremos manifestar. A postagem estará focada em nossa personalidade mais crítica ou mais despojada? Escreveremos de forma alegre e com emojis ou mais direta e reta? Qual é a impressão que queremos passar para os nossos amigos? Tudo está no nosso controle.

Justamente por termos a possibilidade de pensar no que escrever, tempo para editar e até mesmo chances para voltar atrás e apagar, podemos dizer que não somos 100% nós mesmos no mundo virtual. E o mesmo vale para o mundo real também: existem indivíduos que só expressam quem são de verdade no ambiente digital, já que não possuem segurança com a reação das pessoas que os cercam.

O nosso personagem digital toma a proporção que queremos mostrar para os outros: se queremos mostrar que estamos com raiva, felizes, apaixonados ou decepcionados, o nosso personagem consegue interpretar e levar essa informação para os outros. E é assim que a gente consegue publicar nossos reais sentimentos por algumas coisas, com essa liberdade criativa que o ambiente possibilita para nós.

A verdade é que esse personagem criado é uma representação virtual de nós mesmos, seja quem somos de verdade ou até mesmo quem queremos ser. Você sabia que diversas pessoas LGBTs+ dão o primeiro passo para sair do armário na internet com pessoas desconhecidas? Isso não é errado, pelo contrário, que bom que estão tendo essa oportunidade! Na internet não temos uma carga crítica enorme sondando nossos personagens e, mesmo que tenhamos, basta mudar de sala ou site. Podemos usar a internet para espelhar quem queremos ser no futuro através de nosso personagem, mas será que podemos trazer informações falsas sobre nós mesmos e ficar tudo bem? Essa é uma outra discussão que você poderá participar na próxima postagem, te vejo por lá!



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda. Confira todas as postagens dessa coluna clicando aqui.

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