Diga não ao consumo de pornografia

Série 'How to Sell Drugs Online (Fast)' (Foto: Netflix)

Quem nunca viu um pornô? Esse consumo é muito presente na nossa adolescência, quando buscamos nos descobrir melhor e acabamos por acessar sites com conteúdo adulto em busca da nossa satisfação.  Muitos levam esse comportamento para sua fase adulta. Demoramos um tempo para escolher um vídeo, assistimos por alguns minutos que é o tempo da nossa estimulação e atingimento do orgasmo e, ao terminar, fechamos o site e seguimos nossa vida normalmente. Se fosse uma coisa inofensiva, estaria tudo bem termos esse comportamento. O consumo de pornografia alimenta a indústria pornográfica e traz diversos danos para os nossos comportamentos em busca da realização sexual que exploraremos neste texto. Ah, e é importante lembrar que estamos falando sobre o consumo de pornografia e não da masturbação ou do ato sexual em si.


FALANDO DO NOSSO HISTÓRICO

Quando tivemos nosso primeiro contato com um vídeo pornô, só aquele vídeo nos satisfazia. Posteriormente, buscamos por conteúdos mais específicos pelo fato de que os outros não nos davam mais o suficiente prazer. Conforme o tempo foi passando, passamos a consumir conteúdos cada vez mais específicos e com características bem definidas. Nosso cérebro pensa que se determinado conteúdo, parte do corpo ou atitude não for exibida no vídeo significa que ele não nos satisfaz.

Não temos propriedade para falar de questões biológicas, mas analisamos diversas publicações e estudos que afirmam que a nossa jornada na pornografia se inicia com cenas leves e que nos satisfazem. Como consumimos este conteúdo frequentemente, a nossa satisfação se torna cada vez mais difícil e acabamos por buscar conteúdos mais fortes e com cenas mais explícitas. Isso ocorre pela presença da dopamina, neurotransmissor envolvido diretamente com o nosso prazer. O neurotransmissor é liberado quando estamos sentindo prazer e, conforme nos acostumamos com determinada cena explorada na pornografia, a liberação da dopamina se torna cada vez mais difícil, precisando de novos conteúdos pornográficos (estímulos mais intensos) para a nossa satisfação.


NOS ACOSTUMAMOS COM A PERFORMANCE

De tanto visualizar esse conteúdo na internet, acabamos nos prendendo a reproduzir ele no mundo real. Justamente por isso, acabamos nos frustrando já que o sexo em um vídeo pornográfico é performático. As pessoas estão interpretando papéis e precisam de treino para conseguirem executar determinadas posições, bem como usam algumas substâncias para prolongar o ato e manterem-se eretas por tanto tempo. Além disso, o vídeo pornográfico é gravado em diversas cenas, com pausas, limpeza de suor, colocação de mais lubrificantes, etc. Nada naquilo é real!

Estamos consumindo uma farsa e queremos reproduzir ela com nossos parceiros e, muitas vezes, acabamos nos frustrando e culpando o parceiro ou parceira. Não é possível reproduzir aquele espetáculo pornográfico em nossas relações e desacreditamos no potencial das pessoas que nos relacionamos, colocamos expectativas lá no alto que acabam por serem quebradas. Além de consumirmos para gozarmos naquele momento íntimo e privado, consumimos para performar tudo o que foi visto e, assim, acabamos nos decepcionando já que as relações sexuais reais não parecem ser tão atrativas quanto às pornográficas.

No caso do homem, a pornografia pode se associar com a disfunção erétil e ejaculação retardada. Essas afirmações ainda não foram comprovadas cientificamente, mas estudos indicam que os homens que mais consomem pornografia se tendem a adquirir esses problemas.


VIOLÊNCIA

Como dito, sempre queremos buscar por conteúdos cada vez mais pesados e acabamos naturalizando a violência no sexo. Existem pessoas que gostam de apimentar suas relações com alguns tapas ou apertões mais profundos e isso é normal, não é dessa questão que estamos falando! O problema acontece no universo pornográfico quando estamos normalizando posições que não são confortáveis, que são doloridas e violações com os corpos (principalmente com os femininos e com os gays passivos). 

O pornô faz com que seja aceitável todo o sofrimento e dessensibiliza o espectador para lidar com a dor sofrida pelos parceiros. Basta verificar o depoimento de ex-atores e atrizes pornôs que afirmam que o espetáculo só acontece nos 30 minutos de vídeo, mas entre os cortes de câmera surgem humilhações pelos parceiros e machucados. Sabemos que fazer sexo cansa e no mundo pornográfico não é diferente: as pessoas são obrigadas a transarem querendo ou não para receberem um pagamento e muitos produtores obrigam seus atores e atrizes a continuarem, mesmo que estejam perto do desmaio. A mentalidade dentro dessa indústria é de abusos e submissão, muitas vezes atrelados a um estupro que assistimos em nossas telas já que (ainda) não temos essa percepção. Existem casos que diversas atrizes pornográficas passam pelo processo de tomar pílulas para perder peso e ter determinada aparência. Em resumo, a indústria pornográfica alimenta a violência contra os corpos e para ter acesso à essa informação, basta conferir de perto o relato dos cotidianos torturantes de pessoas que já foram atores e atrizes pornôs.


NATURALIZAÇÃO DO ABUSO

Quando acessamos qualquer site na internet, estamos dando dinheiro para os donos só por visualizar anúncios e consumir o conteúdo. O mesmo acontece nos sites pornográficos e que se torna extremamente pior. Estamos alimentando uma indústria de pedofilia e outras coisas absurdas. Por mais que os sites tenham filtros de não aceitarem vídeos com menores de idade, de vez em quando alguns são upados em seus servidores e conquistam diversos expectadores. Além disso, basta perceber quais termos são frequentemente pesquisados e os conteúdos que os sites levam: sexo com animais, espancamentos, corpos mortos, menores de idade, etc. É um nojo sem fim! As pessoas buscam por isso e os sites que querem lucrar acabam permitindo estes conteúdos em suas diretrizes.

No exemplo de pedofilia, nem sempre são vídeos com menores de idade, mas os atores e atrizes interpretam papéis de adolescentes que chegam a ser bizarros. Querendo ou não, ocorre uma normalização dos abusos com menores de idade através dos títulos "novinho" e "novinha". Por mais que não consumimos este conteúdo, existem pessoas que consomem e o site lucra com o seu clique ou não naquele vídeo, fazendo com que as produtoras e amadores continuem produzindo.


EM RESUMO

A indústria pornográfica é nojenta e precisamos abandoná-la o quanto antes. Essa é uma indústria que favorece o abuso com atrizes e atores, objetifica pessoas e destrói as nossas relações reais. Passamos a fantasiar com o irreal e acabamos por naturalizar absurdos que foram mencionados nos parágrafos acima. A principal forma de visualizar os males da pornográfica é a reflexão sobre nossos corpos e relações: estamos satisfeitos com o que fazemos com nossos parceiros ou sempre buscamos implementar alguma coisa que vimos no mundo pornô? Essa coisa é saudável para ambos?

Falando dos nossos relacionamentos e do mundo real, espelhamos corpos, situações e performances vistas no mundo pornô como ideais no ato sexual real e esquecemos do que é concreto e de verdade. O ato sexual envolve duas pessoas que têm suas vontades, sentimentos e limitações. Com a pornografia absorvermos que a mulher sempre está ali para servir o homem, e o ativo do relacionamento gay deve ser completamente musculoso e mais agressivo. Acabamos normalizando esses padrões definidos pela indústria pornográfica e, além de magoar pessoas, deixamos de nos descobrir por determinados preconceitos ou atitudes e nos tornamos abusivos durante o ato por querer algo que caminha na oposição da realidade. Até que ponto seus comportamentos na cama e fora dela são influenciados pelo pornô e até quando você deixará que isso atrapalhe a sua vida e a de seus relacionamentos? Não consuma pornografia.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.

Caso tenha gostado deste texto e acredite que ele possa ajudar outras pessoas, clique no botão "compartilhar" que aparece abaixo das tags e deixe um comentário para estimular nossa escrita. Ficaremos muito gratos por isso! :)

Comentários