Passamos mais tempo no mundo digital do que no real

Série 'Black Mirror' (Foto: Netflix)

Chegamos ao terceiro episódio da nossa coluna Nós na internet! Na primeira e segunda postagem, falamos sobre as nossas personalidades na internet e sobre a responsabilidade por nossos atos. Hoje, falaremos um pouquinho sobre o nosso consumo do mundo digital quando este é comparado o mundo fora das telas. Parece que passamos mais tempo imersos nas redes sociais e em jogos on-line do que estudando, produzindo e socializando com as pessoas ao nosso redor.


FICAMOS MAIS CONECTADOS NO DIGITAL DO QUE PRESENTES NO REAL

Fato é que passamos uma parte significativamente grande de nossos dias conectados na internet. Diversos aparelhos celulares mais modernos conseguem mostrar o tanto que passamos olhando para as telas, bem como a divisão por aplicativo e a quantidade de notificações que recebemos em nossos dispositivos. Quando olhamos para esses dados, ficamos completamente assustados. Vale lembrar que essa informação é apenas do celular, mas também estamos conectados nos nossos tabletes, nas televisões, no computador, etc. A nossa conexão com o mundo digital acontece em diversos meios da tecnologia e nos mais variados episódios do dia.

Estaria tudo bem se estivéssemos apenas conectados nas redes sociais, mas o problema começa a surgir com a nossa visão que é desgastada de tanto olhar para as telas. Quanto mais estamos olhando para aquela tela que emite muito brilho aos nossos olhos, maior é a chance de termos longas dores de cabeça no decorrer do dia, bem como estresse, cansaço e problemas na visão. Além desse fator, fechamos os olhos para as pessoas que convivemos: estamos extremamente ocupados com as redes sociais e socializamos com as pessoas de nossa casa em uma escala proporcionalmente menor quando comparada com a nossa presença no mundo digital.

De tanto que consumimos a internet, as vezes acabamos por preferir ficar em casa do que sair com os nossos amigos. Parece que sair para um bar, um cinema ou um show torna-se mais cansativo e acabamos ficando em casa. Perdemos a capacidade de ter iniciativa para propor convites aos nossos colegas. Ficamos mais preguiçosos e acomodados em nossas camas e cadeiras e, claro, com os nossos aparelhos cibernéticos.

O ser humano é um ser completamente sociável e a socialização nas redes sociais é extremamente diferente da que ocorre fora delas. Precisamos de diálogo cara-a-cara com as pessoas, interpretando seus gestos, tons e possibilitando o contato físico através de abraços e beijos. O mundo digital não consegue substituir esses mecanismos que adquirimos enquanto seres vivos.
 

LESÕES AO CORPO

Além do problema na visão e na falta de sociabilidade que vamos adquirindo com o passar do tempo na internet, podemos adquirir fobias sociais, problemas nos braços, depressão e até mesmo obesidade.

Com a nossa presença intensa no digital, acostumamos a lidar com as pessoas de forma diferente. Conseguimos pensar ao enviar uma resposta e podemos até mesmo apagá-las depois de enviada. Conforme vamos lidando com isso diariamente e temos pouco contato com as pessoas “reais”, não adquirimos desenvoltura para lidar com os seus sentimentos e problemáticas foras da tela. Quando formos colocados em uma situação que exija o nosso posicionamento imediato, como em uma entrevista de emprego por exemplo, acabamos não conseguindo desenvolver tudo o que poderia ser dito e mencionado.

Nas questões corporais, sabemos que quando estamos conectados no mundo digital não temos postura. Não ficamos retos em nossas cadeiras e muitas vezes fazemos movimentos repetitivos com os nossos braços e dedos. Esses movimentos repetitivos diariamente irão lesionar nossos braços e mãos. A tendinite é um exemplo claro do cansaço que proporcionamos ao nosso corpo com a repetição de movimentos nos computadores e celulares. Outro fator que está ligado à nossa saúde é o sedentarismo. De tanto que ficamos conectados nos computadores, pouco levantamos e fazemos atividades físicas. Não estamos falando necessariamente de jogar bola, ir para academia, caminhar 3h00 em um bosque… Estamos falando de andar mesmo. Quando ficamos conectados no computador por muito tempo, não caminhamos, nosso sangue não circula e não queimamos calorias. Com isso o acúmulo começa acontecer e ganhamos peso com o passar do tempo: e esse peso ganho foi através do nosso sedentarismo - que não é saudável.


ESTRATÉGIAS PARA REDUZIR NOSSO CONSUMO

Para reduzir a nossa presença no mundo virtual, podemos citar alguns comportamentos que podem nos ajudar a termos menos contato com os celulares e computadores. Sabemos que é difícil evitar a imersão no mundo virtual já que todo mundo está conectado, mas precisamos de limites para nossa saúde e bem estar. Alguns aplicativos conseguem restringir o nosso uso do celular com base no tempo que passamos nele. Podemos colocar um limite de determinadas horas e, quando for atingido, não utilizaremos mais o aparelho. Issoc vale para o computador, ao invés de assistir 15 vídeos, cortamos esse número pela metade. Assim conseguimos distribuir melhor as nossas atividades fora do mundo virtual.

Propor que conversemos com nossos familiares e amigos fora das telas também é algo extremamente relevante. Colocar em nossas rotinas filme semanais, almoços mais longos e lanches alternativos no meio das tardes são estratégias que permitem a nossa socialização e nos afasta um pouco do mundo virtual.

Além disso, podemos buscar momentos de autoconhecimento. Um banho um pouco mais demorado, a leitura de um livro, a reflexão do nosso dia, cuidados com a nossa pele, cuidados com a nossa alimentação, pausas para tomar um sol ou vento, uma caminhada pela casa ou pelo bairro, organização do quarto, etc. São muitas coisas que podemos investir para ocupar a nossas mentes e nos desviarmos um pouquinho mais do mundo virtual.

Sabemos que a internet é uma extensão das nossas vidas, mas não podemos viver apenas na internet. Temos um universo de coisas para explorar por fora e ela também não é 100% cuidadosa conosco. Sabemos que as vezes acabamos excedendo a nossa presença no mundo virtual. Em contrastes, as redes sociais querem que fiquemos mais tempo conectados: quanto mais tempo passamos na internet, mais informações a nosso respeito são coletadas. Essa coleta beneficia diversas marcas através de lucros com as nossas informações e exibições de anúncios personalizados. Só que essa conversa teremos na nossa última publicação desta coluna. Esperamos você por lá.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda. Confira todas as postagens dessa coluna clicando aqui.

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