Estamos ficando mais no celular do que no mundo real

Série 'Euphoria' (Foto: HBO)

Vivemos em um mundo globalizado em que todos estão conectados através de um dispositivo móvel em uma imensa rede de dados. É difícil não estarmos conectados com o mundo virtual, não é mesmo? Afinal, a leitura deste texto está sendo feita através de um aparelho conectado na internet e sem este aparelho, a comunicação deste site com o leitor não existiria. O nosso site não existiria.

A tecnologia é  uma ferramenta incrível que nos possibilita criar a nossa própria imagem em um ambiente virtual e até mesmo desenvolver relacionamentos virtuais que podem ser intitulados como webamizades e webnamoros. A internet é um meio bem interessante, mas será que estamos usando da maneira certa? É o que debateremos a seguir.


MUNDO VIRTUAL X MUNDO REAL

Estamos aqui novamente para ressaltar as diferenças entre o mundo virtual e o mundo real, dois mundos que se cruzam e apresentam diversas semelhanças, mas que necessitam ser contextualizados separadamente:
  • Mundo virtual: é tudo o que acontece no ambiente digital, isto é, dentro das telas das máquinas que carregamos para todos os lugares. É o mundo online, o mundo dos sites, blogs e redes sociais;
  • Mundo real: é tudo que está fora da tela e do aparelho e não apresenta relação com o mundo virtual. Aqui não temos celulares, computadores, tablets e qualquer outro aparelho que possibilite a comunicação com a utilização da internet.
É importante ter em mente que o mundo virtual é uma extensão do mundo real e, antes de tudo, precisamos estar presentes no mundo físico. O ser humano, ao acessar um aparelho de celular, por exemplo, se desliga de tudo o que está ao seu redor: não presta atenção em detalhes de seu cotidiano, não dá a devida atenção para as pessoas próximas e se tornam completamente distraídos da realidade concreta.

Tudo o que acontece no mundo virtual também é real, mas nós devemos dosar a quantidade de atenção que damos para ele fazendo com que não se sobressaia à realidade do mundo concreto que existe por trás das telas.


A VIDA ONLINE É TRISTE?

Muitas pessoas criticam que, ao estar completamente no mundo online, um indivíduo está sozinho. De fato, isso pode acontecer, mas não é regra. A principal recomendação é que não se dê tanta atenção ao celular. Sabemos que estamos conectados o tempo inteiro, mas não devemos deixar de viver o mundo físico para imergir no digital. Um exemplo é o de amizades e namoros virtuais: eles são bons e podem nos divertir, mas quando a taxa de "pessoas virtuais" na vida de um indivíduo é maior que a taxa de "pessoas reais" temos alguma coisa errada.

Temos que levar em consideração que o mundo virtual não é o que nos move. Nós que devemos nos mover e nos relacionarmos com pessoas que estejam fora da tela. Quando interagimos dentro da tela, além de causar diversos problemas na vista, encurtamos a nossa capacidade de laços humanos. E na hora que percebemos, estamos passando mais tempo com os fones de ouvido e trancados no quarto do que aproveitando a vida fora de casa. Se o problema é a falta de amigos, faça amigos, mesmo que a timidez te domine! Podemos sim ter amigos virtuais, mas não podemos nos basear só neles como amigos de nossa vida. Precisamos de uma quantidade de vida fora das telas também.


O MUNDO VIRTUAL NÃO É TUDO

Estamos tão acostumados com o mundo das conversas de Whatsapp, influenciadores digitais engraçados e grupos no Facebook que parece impossível viver desligado do mundo virtual, mas é aqui que estamos enganados. Devemos nos moderar e não dar tanta atenção aos nossos celulares já que podemos ser produtivos, de fato, em outras ações de nossas vidas: estudar para uma matéria, aprender algo novo, sair com pessoas, conversar com nossa família, ter contato com a natureza, ter contato com as pessoas, ter contato com o mundo, ter contato.

São infinitas as coisas que podemos fazer sem os nossos celulares e computadores e que são mais prazerosas e produtivas do que passar uma hora e meia por dia na frente do Instagram vendo stories e gravando vídeos. De acordo com o relatório Estado de Serviços Móveis, elaborado pela consultoria especializada em dados sobre aplicativos para dispositivos móveis, os brasileiros passam mais de três horas e meia por dia usando o celular. Os números são assustados e cabe a nós termos consciência do que estamos perdendo fora das telas e em como gastamos nosso tempo com besteiras. Afinal, ficar fazendo vídeos de nossas compras e vendo os vídeos dos nossos amigos curtindo a vida em festas não é uma coisa que vai agregar algo em nossas vidas, né? Sejamos sinceros.

As vezes parece que não estamos perdendo nada fora do mundo digital, mas é aqui que estamos completamente errados. Estamos perdendo sim, e muita coisa! Estamos deixando de ser humanos para nos tornarmos peças de um sistema robótico virtual baseado em curtir, amar, se surpreender, ficar com raiva, ficar triste e dar risada. Todos esses sentimentos, já categorizados e definidos pelas grandes redes, são expressos através de reações ou desabafos em formato de textos no Twitter. E por que não procuramos alguém de carne e osso para desabafar ou contar nossas piadas? A marcação de um usuário através do arroba (@) substitui um contato visual recheado de interesses, emoções e sensações? Fica o questionamento.



Postagem escrita por Luan, criador desse site, estudante e blogueiro. Graduando em Publicidade e Propaganda.

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